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Mostrando postagens de março, 2014

O Centro em Equilíbrio (parte 4/4)

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Concluindo o tema, retomamos o fato de que enquanto indivíduos com situações de vida particulares, cada um de nós desenvolve sua própria percepção subjetiva da realidade, ou seja, um ponto de vista condicionado. Dentre as inúmeras possibilidades de pontos de vista, obviamente não existe um consenso geral, pois o modo de encarar a realidade faz sentido somente em seu contexto. No entanto, mecanicamente, insistimos em perpetuar as nossas opiniões, conceitos e julgamentos como reais, fazendo com que os desejos e aversões gerados a partir do “eu” se tornem cada vez mais fortes. O modo determinístico de encarar a nossa realidade se consolida assim, cada vez mais, em uma crença ilusória, que acarreta problemas globais: afetivos, mentais e físicos. Quando percebemos o quão falho é mantermos uma visão autocentrada e egoica, buscamos formas de nos libertar de todo esse condicionamento. Muitas pessoas buscam uma segurança psicológica nas religiões, em filosofias e teorias. O mesmo mecanismo cond

O Centro em Equilíbrio (parte 3/4)

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Em nossas práticas de cultivo interior, não abordamos a espiritualidade em termos de desenvolvimento gradual. Não é como se fôssemos seres inferiores que precisam alcançar um alto grau de desenvolvimento espiritual, passando então a ter acesso a um conhecimento transcendental que está distante de nós. Como seres humanos, não somos diferentes dos grandes mestres como Buda, Cristo, Lao Zi, etc. Os mestres simplesmente aceitaram a sua realidade presente e é nessa dimensão que habitam. O presente está aqui, qualquer um tem acesso a ele. Então por que ficamos presos aos condicionamentos do passado ou às expectativas projetadas no futuro? Por que não permanecemos aqui e agora se sabemos que tudo aquilo que é realmente valioso está no momento presente? Por que vivemos buscando fora, dando atenção a pensamentos periféricos que nos tiram do nosso centro? Se estamos em uma situação cotidiana, seja trabalho, estudo, situação familiar ou outra qualquer, usamos isso como desculpa. Precisamos resolv

Sem mais conceitos

Poder trilhar o caminho da vida sentindo a unidade entre o "eu" e todos os seres é uma grande dádiva. É o objetivo do autoconhecimento, não é? Reconhecer que somos todos um só organismo vivo. O que nos impede de sentir isso? O "eu". "Todos os seres" inclui a todos, sem necessidade de incluir o "eu". Quando digo "eu", automaticamente estou me excluindo. O "eu" é um agente com um ponto de vista particular que automaticamente entra em conflito com outros "eus" que possuem seus devidos pontos de vista e desejos. De acordo com os interesses soberanos do "eu", não é possível estar em paz com outros seres e condições que vão contra a minha visão particular. "Eu" sou o problema.  Imaginamos que se o "eu" é o problema, devemos eliminá-lo para resolvermos a questão de vez. Aí está outro erro. Eliminar pressupõe a ideia de um agente que elimina. Ainda há conflito. O "eu" só existe porque

O Centro em Equilíbrio (parte 2/4)

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Em nosso segundo encontro, retomamos a importância de reconhecermos o limite das palavras como setas que apontam em uma certa direção. As setas têm sua função como indicativos. Muitas vezes, não podemos ver com clareza o que está sendo apontado, mas sabemos intuitivamente que há algo lá. É a sabedoria do momento presente. Em certo momento, a seta deixa de cumprir a sua função, mas como nossas mentes se condicionam a supervalorizar essa seta, nós nos apegamos a ela. É quando as palavras se tornam conceitos rígidos, os ensinamentos viram dogmas, a sabedoria inata é substituída pelo conhecimento artificial. A seta já virou uma carcaça, pois tudo o que a mente tenta se apoderar se torna artificial e sem vida. Para os assuntos interiores, para vivenciarmos o momento presente, o limite da seta deve ser reconhecido e é preciso saber descartá-la. A plenitude interior não depende do conhecimento intelectual, mas da sabedoria intuitiva. Não é algo que analisamos racionalmente, é algo que sentimo

O Centro em Equilíbrio (parte 1/4)

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Com alegria, demos início à primeira aula “Vivência do Centro” em 08/03/2014. Agradecemos a todos os participantes que puderam estar presentes sem desanimar com a chuva incessante. Possivelmente, ao acordarem no sábado, a mente não gostou muito do que viu: um dia fechado e chuvoso. “Vou ter que sair nesse tempo?” É, a mente dá as caras logo cedo com seus pensamentos tendenciosos. No entanto, a mente discriminatória é uma ferramenta, não o nosso guia. Os obstáculos que ela nos apresenta desmoronam diante da luz da consciência. “Ok, a chuva é um fenômeno natural, posso abrir mão do conforto ilusório e me adaptar para fazer o que me propus a fazer.” E assim foi feito! Nesse primeiro encontro, foi falado sobre o quão limitantes podem ser as palavras e os conhecimentos, pois cada um de nós faz a sua própria interpretação imperfeita e parcial do que nos é apresentado. Os próprios ensinamentos dos mestres como Buda podem ser limitantes se não nos atentarmos à essência do que é dito mais do qu