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Faça as pazes com a mente antes de meditar

A nossa mente é dualista. Para discernir entre uma coisa e outra, ela separa e compara. É por meio da comparação que ela percebe as qualidades opostas e direciona suas preferências – gosto disso e não gosto daquilo. Como resíduos dessa oposição, surge a tensão entre o que queremos e o que não queremos: temos um dever a fazer, mas preferimos relaxar e fazer outra coisa; sustentamos a moralidade, mas nossos desejos não têm filtros; nosso coração quer seguir uma direção, mas a sociedade nos impõe outra. Assim, aprendemos a viver com a contrariedade, a ter os nossos desejos suprimidos pelo dever. Aprendemos o controle.  O controle Quando buscamos uma técnica como a meditação, muitas vezes, pensamos que a proposta é nos controlarmos ainda mais e de uma maneira mais eficaz. Qual o jeito de se sentar, como manter a coluna, como respirar, como se abstrair dos pensamentos… Queremos que alguém nos diga o que fazer, que nos passe a fórmula de como controlar os pensamentos, dominar os nossos impul

A força de nossas ações

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Edição #5 do quadro “Vivência do Centro” no Canal Senda Nem sempre acertamos em nossas tentativas de conseguir bons resultados na vida. Há fases em que as coisas costumam ir bem e fases onde tudo parece ir mal; temos também, fases intermediárias, tipo 50/50. A chance de algo dar errado nos assusta e nos mantém em um estado basal de ansiedade do tipo: e agora, o que será que vem em seguida? Diante da insegurança, buscamos certezas. Ocorre que ninguém consegue prever com 100% de eficácia o que vai acontecer exatamente no momento seguinte, se será favorável ou desfavorável. Qual a nossa parcela de participação nas coisas que acontecem em nossas vidas, se positivas ou negativas? Depende da sua crença… Podemos acreditar em várias hipóteses sobre como as coisas funcionam no universo: 1) Acaso Há quem creia no acaso . As coisas aconteceriam de forma aleatória e casual, ou seja, sem uma causa determinante. Então independente do que você fizer, da atitude que você tiver e dos seus investimentos

Egocentrismo é autoengano

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Edição #4 do quadro “Vivência do Centro” no Canal Senda Após ter falado sobre o falso centro como uma alusão ao ego, acho importante refletirmos sobre a atitude autocentrada, ou seja, a atitude que coloca o “eu” acima de qualquer coisa. É um dos principais mecanismos fortalecedores do ego, empregado, muitas vezes, sem percebermos. Colocamos a imagem do eu tanto no alto quanto lá embaixo: ou como um rei magnânimo ou como alguém insignificante pisado por todos. Nas duas atitudes, existe o egocentrismo. Quando alguém tem uma atitude de rei, é fácil notar como se porta de forma arrogante como a figura central que se destaca perante os outros. Com essa atitude, quanto mais alto a pessoa se coloca, maior é a queda. A outra faceta do egocentrismo é colocar-se na posição mais baixa e acreditar ser o bode expiatório do mundo, o injustiçado. Talvez você já tenha tido alguma experiência na qual você achava que as pessoas estavam falando ou fazendo algo contra você, talvez um complô e, mais tard

O falso centro

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Edição #3 do quadro “Vivência do Centro” no Canal Senda “A nossa mente confusa cria um falso senso de identidade, o ego, a partir de um processo de identificação com nome, forma, posses, títulos, grupos, etc. Criamos uma entidade sólida e absoluta com bases em designações relativas. Quando nos definimos a partir desses referenciais externos e transitórios, reduzimos a dimensão do nosso verdadeiro ser e passamos a atuar de modo instintivo para proteger a tudo que designa o eu. Passamos a depender emocionalmente de que todo o exterior se guie em conformidade com o meu centro, ou seja, de acordo com nossas próprias expectativas e projeções.” Marco Moura Reconhecendo o falso centro O nosso sofrimento mental surge como consequência da ignorância, do fato de estarmos perdidos, sendo guiados pelos impulsos de prazer e aversão. Para sairmos do estado de confusão, precisamos nos familiarizar com o nosso centro real, precisamos desenvolver clareza e reconhecer as nossas próprias mentes. O que

O ensinamento base

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Edição #2 do quadro “Vivência do Centro” no Canal Senda Quando olhamos para a nossa própria vida ou quando olhamos ao redor para ver o rumo que o mundo está tomando, podemos ter duas sensações: Tudo está indo bem, estamos no caminho certo; As coisas não estão funcionando muito bem, algo está errado. Por mais otimista que alguém possa ser, sabemos muito bem que a humanidade, coletivamente, não está se saindo muito bem – criamos conflitos, guerras, alimentamos a desigualdade entre as pessoas e degradamos o meio ambiente. Criamos mal estar maltratando a nós mesmos e ao planeta. Isso é um bom começo! Não que esses males sejam bons, mas pelo fato de podermos identificar que as coisas não estão indo na direção adequada, podemos dar o primeiro passo em outra direção – mas para qual direção? Não existe uma resposta absoluta para essa pergunta. No entanto, considero essencial compreendermos um ensinamento de Buddha que aponta nessa direção, o ensinamento das “quatro nobres verdades”. Inicialm

Vivência do Centro

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Edição #1 do quadro “Vivência do Centro” no Canal Senda do YouTube Bem-vindos ao quadro “Vivência do Centro” do Canal Senda , cuja proposta é incentivar e fortalecer a nossa prática interior através de duas vias: (1) trazendo aspectos da nossa vida cotidiana para análise a partir do ponto de vista da interdependência, considerando os inter-relacionamentos de como as coisas externas nos afetam e como nós afetamos o exterior; e a outra via é (2) examinar os ensinamentos e transferi-los para a prática cotidiana. Nesta introdução, quero apresentar o significado do título “Vivência do Centro” como um ponto de partida que serve de estrutura para os próximos conteúdos. Inicialmente, é um nome que utilizo em certas práticas que conduzo no Centro Cultural Tzong Kwan relacionadas à meditação e aos ensinamentos da filosofia oriental aplicados no cotidiano. Portanto, uma vivência no centro Tzong Kwan. O significado mais importante, no entanto, sugere o seguinte: Vivência : tem o sentido de pr

O sentido que damos

O Dao De Jing é um livro magnífico que expressa os segredos da nossa existência. Não é que o livro revele segredos que deveriam ser mantidos ocultos, mas trata de uma dimensão que, de tão simples e profunda, não é de fácil compreensão. Logo na primeira frase, é dito: “ O Dao que pode ser concebido não é o Dao autêntico “. Por “Dao”, entendemos a realidade suprema, além dos limites do nosso saber – algo impossível de ser confinado em palavras. Ok, esta é a premissa básica: nem tudo o que existe é inteligível para a nossa experiência humana. Ou seja, o nosso pensamento tem suas limitações. Usar as funções limitadas do pensamento para compreender a realidade suprema, que inclusive é a fonte a partir de onde o pensamento se torna possível, não é plausível. A segunda frase diz: “ O nome que pode ser enunciado não é o sentido autêntico “. Aqui, trata do uso das palavras. Nenhuma palavra que possa ser dita será capaz de fazer referência ao seu sentido real. Nesse enunciado, somos apresentados