O Centro em Equilíbrio (parte 2/4)

Em nosso segundo encontro, retomamos a importância de reconhecermos o limite das palavras como setas que apontam em uma certa direção. As setas têm sua função como indicativos. Muitas vezes, não podemos ver com clareza o que está sendo apontado, mas sabemos intuitivamente que há algo lá. É a sabedoria do momento presente. Em certo momento, a seta deixa de cumprir a sua função, mas como nossas mentes se condicionam a supervalorizar essa seta, nós nos apegamos a ela. É quando as palavras se tornam conceitos rígidos, os ensinamentos viram dogmas, a sabedoria inata é substituída pelo conhecimento artificial. A seta já virou uma carcaça, pois tudo o que a mente tenta se apoderar se torna artificial e sem vida. Para os assuntos interiores, para vivenciarmos o momento presente, o limite da seta deve ser reconhecido e é preciso saber descartá-la. A plenitude interior não depende do conhecimento intelectual, mas da sabedoria intuitiva. Não é algo que analisamos racionalmente, é algo que sentimos. Portanto, desenvolver a sensibilidade é fundamental.

Dando sequência ao tema “O Centro em Equilíbrio”, conversamos sobre o que nos tira do centro da nossa consciência, do nosso momento presente. Há uma oscilação mental que faz com que os nossos pensamentos e emoções se desequilibrem. O que os faz oscilar? O que gera esse movimento?

A energia é o que gera movimento, seja qual for. Quando acreditamos que somos indivíduos separados, ou seja, um fragmento da realidade, nós buscamos a sobrevivência do eu. Instintivamente, lutamos contra as ameaças e perseguimos a nossa satisfação. Somos movidos pela energia do desejo que, conforme os ensinamentos de Buda, é a raiz da insatisfação e do sofrimento. O desejo impulsivo nos priva da sabedoria, da conduta compassiva e da concentração mental. Todo o trabalho do autoconhecimento consiste, portanto, em retornarmos à consciência unificada, onde somos um com o todo. É preciso abandonar o “eu”, que cumpre a sua função em questões práticas do cotidiano, mas que pode ser um obstáculo para o despertar da mente. O caminho é o caminho do meio.

Aprender a sentir é algo fundamental para reconhecermos que as palavras já se tornaram conceitos e que o ego já se tornou um obstáculo. Não porque exista uma dedução lógica, mas porque existe uma constatação interior. Sentir o corpo, as oscilações emocionais, os impulsos da mente… Sentir a nossa energia interior. A nossa prática consiste em nos familiarizarmos com o nosso movimento interior e em reconhecermos como isso está integrado ao movimento do universo. Tudo é energia, tudo é Um!

Marco Moura

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