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Mostrando postagens de maio, 2014

O Vitorioso - superando os obstáculos da prática interior (parte 3/3)

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O tema deste mês é sobre obstáculos e vitória. Quando tratamos da nossa realização interior, de irmos de encontro à nossa essência, a palavra vitória tem uma conotação diferente da usual. Não se trata da vitória sobre um agente externo onde existe um vencedor e um perdedor – um conflito. Deixemos de lado a dualidade. A vitória interior é um estado mental de quem já está rendido, que se abstém de nutrir uma batalha. Lao Zi dizia que o sábio não pode ser vencido porque ele se recusa a usar a violência e porque o seu ego está abandonado. O ego do vitorioso já está entregue e, por isso, ele segue invicto. Por estar vencido de antemão, o Universo o coloca em primeiro lugar. Ora, se o ego é o que nos distancia da nossa essência ilimitada, se nós o abandonamos, nada mais nos separa dessa dimensão e tudo está bem. A vitória é o estado de conexão entre consciência e o Tao, conexão que nunca deixou de existir, mas que, devido às criações do ego, nos sentimos desconectados – somos derrotados pela

O Vitorioso - superando os obstáculos da prática interior (parte 2/3)

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No artigo anterior, foi falado a respeito de um obstáculo muito comum na meditação – a preguiça – e seus quatro antídotos: a convicção, a inclinação, o vigor e a flexibilidade. Trata-se de um ensinamento do Budismo Mahayana baseado em cinco obstáculos e oito antídotos relacionados à meditação da tranquilidade ( shamata ). Veremos cada um deles. Os 5 obstáculos (sânscrito: ādīnava ): 1) Preguiça ( kausīdya ) 2) Desatenção ( avavādasammosa ) 3) Agitação ( auddhatya ) e torpor ( laya ) 4) Falta de aplicação ( anabhisamskāra ) 5) Excesso de aplicação ( abhisamskāra ) Os 8 antídotos ( sânscrito: pratipakṣa) ou aplicações (sânscrito: abhisamskāra ) – Antídotos para preguiça : 1 . convicção ( śraddhā ) | 2 . inclinação ( chanda ) | 3 . vigor ( vyayama ) | 4 . flexibilidade ( praśrabdhi ) – Antídoto para desatenção : 5 . atenção plena ( smṛti ) – Antídoto para agitação e torpor : 6 . apercepção ( samprajaña ) – Antídoto para falta de aplicação : 7 . aplicação ( abhisaṃskāra ) – Antídoto para

O Vitorioso - superando os obstáculos da prática interior (parte 1/3)

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Por algum motivo, estamos nascidos, inseridos no caminho de vida. A todo momento, damos passos e optamos por qual direção seguir. Ao escolhermos o caminho da verdade interior, optamos por abandonar padrões mentais contrários à nossa realização. No decorrer desse caminho, encontramos obstáculos. Se a nossa determinação não for firme o suficiente, nós abandonamos a caminhada e perdemos o objetivo ao qual nos propusemos. Os antigos taoistas chamaram o princípio da criação e continuidade do universo de Dao (caminho). Estamos todos nesse caminho contínuo e mutável. Existe no Dao o caminho, o caminhar e o caminhante. O caminho é o que nós percorremos. O caminhar é a prática – você deve percorrer o caminho. O caminhante é aquele que percorre o caminho. A prática interior é o caminho genuíno para a nossa natureza inata. “Eu só posso lhe mostrar a porta. Você tem que atravessá-la.” Em nosso caminho, todas as nossas ações levam a algum lugar; elas manifestam uma energia e são movidas por essa

De volta à origem

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O ideograma central da filosofia taoísta, 道 ( Dao ), segundo Lao Zi, está além de qualquer definição. Sua tradução comum é “caminho”. Há o caminho do indivíduo, há o caminho do céu, o caminho da terra, o caminho do universo; mas em essência, o caminho é um só. Não ache um sentido lógico para essa afirmação, do contrário, estará limitando o seu sentido original. Para o senso comum, o caminho desejável é sempre para frente, movendo-se em direção ao futuro. O caminho comum é o movimento do progresso. O passo para trás é condenado como um retrocesso. No decorrer deste caminho, inevitavelmente nos deparamos com obstáculos. Ao caminhar para frente, parece que algo importante fica para trás. Uma impulsão desequilibrada leva a um passo seguinte mais desequilibrado, pois a impulsão inicial é o seu fundamento. O desvio de alguns milímetros no início pode significar um desvio de quilômetros no decorrer da jornada. Idealisticamente, somente um veículo perfeitamente balanceado garantiria o sucesso

A sua verdade é cômoda?

Sempre alguém tem algo a dizer. Temos a nossa opinião particular sobre os assuntos em questão e queremos que a nossa voz seja ouvida. Nisso, as pessoas vão despejando as suas verdades para os outros sem ao menos ouvirem o que estão realmente dizendo. Suas palavras expõem crenças arraigadas em suas mentes, em sua maioria criadas há anos de forma automática e, portanto, sem autenticidade. É muito mais cômodo fazer o movimento para fora, expressando as nossas verdades, do que o movimento para dentro, investigando-as. Dessa forma, o comodismo impera sobre a razão.  A nossa vida é o resultado desse comodismo. Observando os nossos hábitos, a nossa vida afetiva, religiosa e profissional, são revelados os padrões de comportamento aos quais damos continuidade. A maioria desses padrões não faz sentido, certamente. Não faz sentido o resultado que eles promovem. Não é a direção que vai de encontro à nossa felicidade.  A felicidade que buscamos não tem respaldo em meias-verdades. Tratam-se de verda