Postagens

Mostrando postagens de junho, 2014

Optando pela Não Reatividade (parte 4 - o caminho)

Imagem
Há uma ilustração bastante interessante que o Lama Padma Samten usa em seus ensinamentos: as bolhas de realidade. Cada pessoa está envolvida em seu limitado mundo de pensamentos. Ela interpreta a realidade de acordo com os significados contidos em sua bolha que, por sua vez, está inserida em uma bolha coletiva formada pelas bolhas das outras pessoas do nosso convívio e pelas situações comuns. Em nossas bolhas particulares, diz o Lama: “construímos coisas artificiais, tentamos sustentar aquilo de qualquer jeito, nos identificamos com aquilo que aspiramos. Surge uma identidade que opera de forma cada vez mais hábil, ou seja, cada vez mais responsiva, cada vez menos consciente, no sentido de ter uma avaliação sobre sua própria operação”. Essa bolha se refere ao padrão de hábitos que foi tratado em nosso último encontro, onde a atitude reativa perpetua as nossas crenças condicionadas. Nós nos movimentamos dentro de paradigmas pré-estabelecidos (pela bolha pessoal e pela bolha coletiva) e n

O Movimento dos Cinco Elementos

Imagem
Cada um de nós é um aglomerado de diferentes interações celulares e energéticas. O corpo físico é a representação do nosso corpo sutil, que é a nossa matriz energética. O que vemos e podemos palpar é apenas uma representação dessa matriz imaterial. Quando aprofundamos o olhar em nós mesmos, verificamos padrões de comportamento que se refletem do nível micro ao macro – funções celulares, orgânicas, sensações internas, padrões de emoções e pensamentos, comportamento social, relacionamento consigo mesmo, com as pessoas e com a espiritualidade. Por mais que em cada nível possamos interagir e expressar-nos de modo diferente, é possível notar um modelo de comportamento – uma coerência, mesmo que aparentemente incoerente. Diferentes tradições ao longo da história e das culturas inventaram diferentes teorias tentando classificar os indivíduos em termos de padrões constitucionais. De acordo com a sua constituição, o indivíduo apresentaria características físicas, psicológicas, predisposição a d

Optando pela Não Reatividade (parte 3 - libertando-se)

Imagem
Existe um conto interessante sobre um espadachim arrogante que desafiava outros guerreiros e vencia através da provocação. Ele insultava os seus oponentes que, tomados pela raiva, atacavam-no imprudentemente. Aproveitando o descuido do adversário, ele desferia um golpe certeiro e fatal. Certa vez, foi desafiar um sábio samurai. No palco da luta, começou a ofender o samurai e tentou de todas as formas desonrá-lo. O samurai permanecia sereno, sem nem franzir a testa. Vendo que era inútil insultá-lo, o desafiante foi embora frustrado. Os discípulos do samurai foram até seu mestre e perguntaram-no: como o senhor pôde aguentar os insultos sem fazer nada? Como pôde aceitar tamanha desonra? O samurai respondeu: não há ninguém que possa desonrar-me a não ser eu mesmo. Responda: se alguém lhe oferece um presente e você não aceita, com quem fica o presente? A resposta era óbvia: com quem ofereceu o presente. O mestre concluiu: desse modo, se alguém lhe oferece insultos e você não os aceita, eles

Optando pela Não Reatividade (parte 2 - a origem)

Imagem
Ao buscarmos uma atitude não reativa, encontramos duas estratégias básicas para contornarmos um conflito: 1) Passiva: adaptarmos o nosso espaço. Seria o caso de reduzirmos o nosso território ou de cedermos e moldá-lo à imposição externa para evitarmos conflito. 2) Ativa: comunicação e bom senso. Nesse caso, entraríamos em um consenso com o agente externo por meio do respeito mútuo e pela argumentação lógica do que seria um convívio pacífico. Em ambos os casos, estamos condicionados ao problema: há o meu espaço e há um invasor. Mesmo cedendo, estamos reagindo mentalmente, pois não gostamos da situação. Estamos reafirmando a existência de um agressor externo. Em outras palavras, estamos tentando evitar um conflito externo após o conflito interno já ter ocorrido. No primeiro caso, buscamos uma solução tolerante e passiva. A lógica seria: moldando o nosso espaço, é possível a conciliação. Como consequência, o agente externo se aproveitaria da nossa passividade e invadiria cada vez mais, li

Comece onde está e termine aí mesmo

Somos seres que reconhecem sua individualidade. Através do tempo, verificamos a experiência atual que chamamos de presente em contraste com a memória de experiências que chamamos de passado. Havendo um tempo passado e um presente, admitimos que essa continuidade persista e, à hipótese de presentes vindouros, chamamos de futuro. Reconhecemos a nós mesmos como agentes pensantes inseridos na realidade e submetidos à ação do tempo. Sabemos que existem outros seres semelhantes a nós com seus próprios corpos e mentes, consequentemente, com suas próprias conclusões da realidade, suas ideias, seus desejos, crenças, etc. O pensamento é subjetivo - muda de pessoa pra pessoa, até de momento para momento - e toda a realidade que conhecemos foi criada a partir do pensamento. Portanto, a realidade é inconstante e não tem um referencial absoluto. Cada um segue interpretando da sua forma. O pensamento é o ponto de partida de toda a nossa assimilação da realidade. Não conhecemos nada além disso. Sabe

Optando pela Não Reatividade (parte 1 - os fatos)

Imagem
A reatividade ocorre em um cenário de conflitos, de forças em choque entre si. Somos reativos, a sociedade é reativa. Vemos conflitos em todo lugar: guerras entre países, estados, políticos, grupos rivais, famílias, entre os próprios familiares, entre casais, pais e filhos e uma guerra dentro de nós mesmos. Nós reagimos diante das circunstâncias do nosso meio quando nos sentimos invadidos e temos algo a defender. Temos linhas divisórias imaginárias que limitam o nosso espaço (eu e meu) e se alguém ultrapassa a fronteira sem o nosso consentimento, entendemos isso como uma agressão e a guerra está lançada. Nossas armas, além das tangíveis, são os argumentos (se queremos ser plausíveis) ou as chantagens, ofensas, calúnias, etc (se apelamos para a violência). Por que somos tão reativos? Quero dizer: por que a todo momento, diante dos fatos do cotidiano, nós temos que rebater com uma opinião, reagir com uma emoção, um pensamento, uma fala, uma ação? O nosso mecanismo reativo é impulsivo, au