O Centro em Equilíbrio (parte 4/4)

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Concluindo o tema, retomamos o fato de que enquanto indivíduos com situações de vida particulares, cada um de nós desenvolve sua própria percepção subjetiva da realidade, ou seja, um ponto de vista condicionado. Dentre as inúmeras possibilidades de pontos de vista, obviamente não existe um consenso geral, pois o modo de encarar a realidade faz sentido somente em seu contexto. No entanto, mecanicamente, insistimos em perpetuar as nossas opiniões, conceitos e julgamentos como reais, fazendo com que os desejos e aversões gerados a partir do “eu” se tornem cada vez mais fortes. O modo determinístico de encarar a nossa realidade se consolida assim, cada vez mais, em uma crença ilusória, que acarreta problemas globais: afetivos, mentais e físicos.

Quando percebemos o quão falho é mantermos uma visão autocentrada e egoica, buscamos formas de nos libertar de todo esse condicionamento. Muitas pessoas buscam uma segurança psicológica nas religiões, em filosofias e teorias. O mesmo mecanismo condicionado e falho é empregado nessa busca. Ao invés de observarem os ensinamentos através dos olhos livres do entendimento, confinam-se em entendimentos parciais dos ensinamentos em forma de dogmas e diretrizes de conduta tendenciosas.

A essência dos ensinamentos de Buda e de todos os mestres é compreender a si mesmo. A realidade é um reflexo das nossas mentes e o “eu” é uma miragem. Para entender o universo, entenda a si mesmo. Buda constatou a lei da origem interdependente, onde todos os fenômenos físicos e mentais surgem devido a causas e condições. Ele não disse: é assim que constatei, engulam. Ele disse: comprovem por si mesmos. Essa é a chave. Melhor do que termos uma resposta pronta dita por outra pessoa ou doutrina é, através da nossa própria constatação intuitiva, verificarmos o que faz sentido ou não; se a energia que investimos em tal ação ou pensamento é benéfica ou destrutiva. Essa é uma resposta autêntica para os nossos questionamentos.

Nós sentamos para meditar porque todo mundo diz que meditar é importante. Então a palavra “meditar” assume um peso grande. Ao dizer “vou meditar”, assumo um grande compromisso e não devo falhar. Então procedo do modo que ensinaram: “o professor disse que as pernas têm que ficar assim, a coluna assim, as mãos assim, tenho que me concentrar somente na respiração” e assim por diante. Então você se sente engessado. Não há nenhuma liberdade nisso. E tudo isso porque te disseram para fazer dessa maneira – não foi uma conclusão própria.

Tudo isso deve fazer sentido para você! Tem que ser algo vivo! Experimente e constate o fato de que relaxar permite maior concentração do que se tensionar, de que a coluna alinhada permite maior estabilidade do que inclinando as costas. Chegue às suas próprias conclusões. Então você assumirá a postura mais adequada e procederá mentalmente da maneira mais adequada porque você chegou lá por si mesmo e se sente confortável assim. Você responderá às suas próprias questões por uma constatação interior. Esse é o caminho da naturalidade.

Marco Moura

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