Sem mais conceitos

Poder trilhar o caminho da vida sentindo a unidade entre o "eu" e todos os seres é uma grande dádiva. É o objetivo do autoconhecimento, não é? Reconhecer que somos todos um só organismo vivo. O que nos impede de sentir isso? O "eu". "Todos os seres" inclui a todos, sem necessidade de incluir o "eu". Quando digo "eu", automaticamente estou me excluindo. O "eu" é um agente com um ponto de vista particular que automaticamente entra em conflito com outros "eus" que possuem seus devidos pontos de vista e desejos. De acordo com os interesses soberanos do "eu", não é possível estar em paz com outros seres e condições que vão contra a minha visão particular. "Eu" sou o problema. 

Imaginamos que se o "eu" é o problema, devemos eliminá-lo para resolvermos a questão de vez. Aí está outro erro. Eliminar pressupõe a ideia de um agente que elimina. Ainda há conflito. O "eu" só existe porque a sua existência está sendo alimentada, seja favorecendo-o ou lutando contra. É apenas um conceito, uma miragem. Não há necessidade de eliminar nada, apenas deixá-lo em paz. Sentir a vida do universo em sua totalidade é aceitar a unidade e entrar em comunhão com a existência. Nada mais é necessário - nem palavras, nem conceitos. 

Marco Moura
 

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