A força de nossas ações

Edição #5 do quadro “Vivência do Centro” no Canal Senda

Nem sempre acertamos em nossas tentativas de conseguir bons resultados na vida. Há fases em que as coisas costumam ir bem e fases onde tudo parece ir mal; temos também, fases intermediárias, tipo 50/50. A chance de algo dar errado nos assusta e nos mantém em um estado basal de ansiedade do tipo: e agora, o que será que vem em seguida?

Diante da insegurança, buscamos certezas. Ocorre que ninguém consegue prever com 100% de eficácia o que vai acontecer exatamente no momento seguinte, se será favorável ou desfavorável. Qual a nossa parcela de participação nas coisas que acontecem em nossas vidas, se positivas ou negativas? Depende da sua crença… Podemos acreditar em várias hipóteses sobre como as coisas funcionam no universo:

1) Acaso

Há quem creia no acaso. As coisas aconteceriam de forma aleatória e casual, ou seja, sem uma causa determinante. Então independente do que você fizer, da atitude que você tiver e dos seus investimentos, as coisas acontecerão sem o seu envolvimento, assim, por acaso. A felicidade seria questão de sorte ou azar. Se a causa não define o efeito, nós não podemos ser responsáveis pelos nossos atos nem pelas suas consequências, então dentro da casualidade, todos nós seríamos irresponsáveis.

2) Predestinação

Podemos crer que as coisas sejam definidas ou pré-determinadas por algum agente externo, uma força suprema, uma divindade que estabelece as leis e que determina como tudo deve ser. Nós não teríamos participação no processo de como as coisas operam, só nos restaria aceitar o nosso destino e obedecer. Ser feliz ou não dependeria de você cumprir com êxito todas as ordens definidas por uma força ou entidade externa. A felicidade, portanto, seria resultado da subserviência. Afinal, o plano já estaria traçado.

3) Lei de causa e efeito

Ao acreditarmos na lei de causa e efeito, assumimos que tudo o que existe neste mundo é formado a partir de uma causa, ou melhor, de um conjunto de causas e condições que dão origem e que sustentam os fenômenos. Essa é a visão do budismo. Nesse caso, nós temos o poder de influenciar o resultado, que não é nem fruto do acaso, nem pré-determinado. Tudo então, guarda uma relação profunda entre causa e efeito dentro de uma rede de interdependências.

Esse é um assunto que pode ser muito explorado, mas aqui, a questão é: como operarmos a favor da lei de causa e efeito e, no balanço entre resultados positivos ou negativos, como termos mais resultados positivos?

Uma coisa sobre a lei de causa e efeito é que existem inúmeras forças operantes que participam do rumo que as coisas tomam. Então, às vezes, a nossa influência é o ponto determinante para o resultado final, outras vezes, temos uma participação significativa, mas não determinante e, outras vezes, temos uma influência imperceptível, mas ainda assim, alguma influência.

Por exemplo: tenho uma influência decisiva quando começa a chover, estou sozinho em casa e a janela do quarto está aberta. Se eu resolvo deixá-la aberta, o quarto ficará molhado; se eu fechá-la, a chuva não vai entrar. Influência média: eu trato as pessoas com gentileza e carinho, então é bastante provável que as pessoas gostem de mim, mas isso não depende inteiramente de mim – se a pessoa achar algum motivo para não gostar, isso independe dos meus esforços. Influência mínima é, por exemplo, em uma votação para presidente – o seu voto conta, é importante, mas a sua força será muito pequena diante de tantos eleitores.

Esse foi o primeiro ponto: dentro da lei de causa e efeito, o nosso poder de influência no resultado externo pode variar de muito forte a até muito fraco. Porém, isso é sobre o resultado externo das nossas ações.

No processo interno da lei de causa e efeito, nós temos um poder muito maior. Nós podemos nos esforçar o quanto for para produzir um resultado favorável externamente, o que não depende inteiramente de nós, mas internamente, nós temos o poder de sempre produzir resultados positivos. Se o resultado externo dos meus esforços saem conforme o esperado, ótimo, fico feliz interiormente; se o resultado externo não é bem o que eu esperava, pode ser ótimo também, pois posso tirar uma lição, posso praticar a paciência, a compaixão, a tolerância e desenvolver inúmeras virtudes que dependem mais da nossa resposta interna às situações do que dos eventos externos em si.

Em outras palavras, podemos ganhar ou perder na vida mundana, mas internamente, temos o potencial de sermos eternos vencedores. É a partir das dificuldades que desenvolvemos nossas virtudes.

Concluindo, como é que podemos não ficar ansiosos diante dos eventuais ganhos e perdas da vida? Dando o nosso melhor em tudo o que fizermos sem alimentar tantas expectativas. Sabendo em nosso íntimo que agimos com a intenção apropriada, que somos responsáveis pelas nossas ações, mas que, além disso, os resultados dependem de outras variáveis. Essa consciência limpa, livre de culpa e bem intencionada é a condição indispensável para o nosso bem estar interior.

Marco Moura
https://marcomoura.com

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