O ensinamento base

Edição #2 do quadro “Vivência do Centro” no Canal Senda

Quando olhamos para a nossa própria vida ou quando olhamos ao redor para ver o rumo que o mundo está tomando, podemos ter duas sensações:

  1. Tudo está indo bem, estamos no caminho certo;
  2. As coisas não estão funcionando muito bem, algo está errado.

Por mais otimista que alguém possa ser, sabemos muito bem que a humanidade, coletivamente, não está se saindo muito bem – criamos conflitos, guerras, alimentamos a desigualdade entre as pessoas e degradamos o meio ambiente. Criamos mal estar maltratando a nós mesmos e ao planeta.

Isso é um bom começo! Não que esses males sejam bons, mas pelo fato de podermos identificar que as coisas não estão indo na direção adequada, podemos dar o primeiro passo em outra direção – mas para qual direção?

Não existe uma resposta absoluta para essa pergunta. No entanto, considero essencial compreendermos um ensinamento de Buddha que aponta nessa direção, o ensinamento das “quatro nobres verdades”.

Inicialmente, temos a percepção de que algo está errado. Essa é a primeira nobre verdade – dukkha, o termo em páli que indica “sofrimento” ou “insatisfatoriedade”. Nós estamos caminhando errado ou caminhando na direção errada. É como se tropeçássemos em nossos próprios pés enquanto andamos ou como se estivéssemos perdidos sem saber a direção que estamos indo. Como resultado, vivemos em sofrimento.

Na segunda nobre verdade, tentamos compreender o que estamos fazendo de errado que cria tanto sofrimento. Entendemos que não estamos na direção certa, que estamos meio perdidos, vivendo em ignorância. Nós estamos confundindo as coisas – confundindo a nossa direção porque, na verdade, não sabemos nem onde nós estamos e quem nós somos. Nesse estado de ignorância, somos comandados pelos nossos impulsos de desejo e aversão. Se eu quero muito algo, eu vou na direção disso e me perco; se detesto muito algo, eu fujo disso e também me perco. Criamos um elo condicionado: estamos perdidos de nós mesmos, passamos a ser guiados pelos impulsos de satisfazer nossos apegos e, assim, nos reconhecemos com base em nossas preferências e apegos gerando um falso eu, girando em torno de um falso centro.

Quando entendemos que a ignorância, a cobiça e a raiva nos deixam sem rumo e nos conduzem ao sofrimento, entendemos também que ao eliminarmos esses três venenos, eliminaremos também o sofrimento. A possibilidade de cessar o sofrimento é a terceira nobre verdade, enquanto colocar em prática o método de eliminar o sofrimento é a quarta nobre verdade – aqui, temos o caminho correto, o caminho do meio.

O que Buddha fala sobre o caminho correto? Nós temos procurado por tanto tempo a resposta… Qual a resposta de Buddha?

Em primeiro lugar, não é uma resposta matemática, não é um dogma. Buddha fala sobre o caminho do meio, um caminho longe dos extremos, longe dos excessos, um caminho que consiste de três exercícios:

  1. Centrar as nossas ações – praticar a Conduta Ética;
  2. Centrar a nossa mente – praticar a Meditação;
  3. Centrar o nosso entendimento – despertar a Sabedoria.

Marco Moura
https://marcomoura.com

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