Caminho do Meio e Saúde
Quem já não sentiu a tentação de clicar o mouse ao se deparar com um artigo do tipo “ancião de 100+ anos revela o segredo da longevidade“? Em nosso desejo instintivo pela eternidade, ficamos muito curiosos em saber qual seria o grande segredo, a fórmula mágica para se ter boa saúde e viver muito. Com sinceridade, será que já não o sabemos, mas não queremos assumir o compromisso?
Por mais que desejemos um atalho, não existem desvios da lei de causa e efeito. Não dá para ser espertinho, dar o chamado “jeitinho brasileiro” no quesito saúde, fazendo tudo o que sabemos que faz mal e ainda continuar intacto. Boa saúde e qualidade de vida são o resultado de uma vida equilibrada: por um lado, leve e alegre; por outro, regrada e disciplinada. O que acontece é que a maioria assume um comportamento ou muito desleixado ou muito rígido (ou oscila entre ambos) – os dois extremos vão no contra fluxo da saúde.
O extremismo gera sobrecargas físicas e psicológicas. Viver em meio a constantes estímulos estressores do ambiente, do meio familiar, social e profissional é desgastante. Mais patológico, porém, é a nossa atitude interna frente a tudo isso. Se tivermos uma boa capacidade adaptativa, conseguiremos encarar as situações com certa leveza e serenidade. Mente e corpo recobrarão seu equilíbrio. O problema é a incapacidade adaptativa, é encarar as situações com um peso desproporcional ao que apresentam. O hábito de ver o lado ruim das coisas, este sim é o grande estressor. Contamina nossa mente com uma visão distorcida dos fatos e sobrecarrega nosso corpo com a química do estresse, liberando toxinas em nossas células. Isso diminui a resistência imunológica, causa sobrecarga no sistema nervoso autônomo e, a longo prazo, nos causa inúmeros danos. O bom funcionamento orgânico depende da boa circulação de sangue e energia por todo o corpo sem que a tensão perturbe essa dinâmica.
O segredo para a saúde, o que não é nenhum segredo, é a moderação – seguir o caminho do meio. O corpo tem uma inteligência própria, uma capacidade inata de se autorregular e preservar a saúde. Para tanto, as condições necessárias devem ser respeitadas, tais como: alimentação balanceada, sono regular, relaxamento, exercícios físicos, higiene física e mental, pouca exposição ao frio, etc. Isso não significa viver como santo – podemos até nos permitir pequenas extravagâncias, contanto que o corpo tenha a chance de voltar ao equilíbrio e que a moderação seja uma constante no estilo de vida. Como é dito nas filosofias orientais, a pessoa deve aprender a fluir com a vida mantendo uma atitude de aceitação e não de reatividade. Precisamos conhecer e respeitar nossos limites de saúde e bem estar.
A medicina preventiva é muito mais eficaz do que o tratamento medicamentoso. Que tal tomar uma dose diária de tolerância, gentileza e gratidão? Muito amargo? E se antes de se enfurecer, lembrar de inalar o ar da serenidade três vezes enchendo e esvaziando bem os pulmões? Com isso, também esvaziar um pouco a tensão e olhar com maior compaixão para si mesmo e para os outros. Muito desgastante? Enfim, pequenos métodos que nos auxiliam a regressar ao caminho do meio e a caminhar na direção da boa saúde. Essa não é necessariamente uma garantia de que iremos chegar aos cento e tantos anos, mas a garantia de bem estar a cada momento, refletindo-se a curto, médio e longo prazo.
Marco Moura
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