Interconectividade índrica
Você acredita que vivemos na rede de Indra? Que todos os fenômenos se afetam mutuamente? Que compartilhamos da mesma natureza, que estamos inseridos no mesmo processo cósmico?
A rede de Indra se trata de uma alegoria a um grande processo cósmico do qual cada um de nós é parte integrante. Existe uma ligação e uma correspondência entre cada um de nós como se estivéssemos inseridos em uma grande teia cósmica. Cada intersecção das linhas dessa teia teria uma joia arredondada espelhada que reflete todas as outras. Cada um de nós é uma dessas joias. Ou seja, afetamos o todo – afetamos mais fortemente quem está próximo, mas também afetamos e somos afetados de alguma forma por quem está distante. Como estamos todos interligados, como todos os processos cósmicos estão relacionados, de alguma forma nossas ações refletem no todo e acabam participando de processos diversos.
Como partes integrantes da rede de Indra que geram influências sistêmicas, somos potencializadores dos processos dessa rede. Nossa energia é poderosa. Se estamos mal, nossos familiares próximos percebem isso e se sentem mal também. Quando estamos alegres, alegramos as pessoas ao redor. Portanto, acreditar que a nossa energia não afeta o meio é uma ilusão.
Fisicamente, se eu começo a fumar em um ambiente, eu afeto as outras pessoas. Se eu estou doente e espirro na comida do self-service, eu afeto os outros. Se eu tomo toda a água do garrafão que serve a todos, eu afeto os outros. Da mesma forma que afeto fisicamente, posso afetar energeticamente; da forma que afeto localmente, posso afetar à distância (sincronicidade, entrelaçamento quântico), da forma que afeto negativamente, posso afetar positivamente. Podemos potencializar qualidades que vão beneficiar a nós mesmos e ao nosso ambiente. Quando geramos positividade, as outras pessoas se tornam positivas. Quando elas se tornam positivas, eu também me torno mais positivo. É um processo potencializador.
Somos seres codependentes cujo bem estar depende de interações saudáveis. O equilíbrio individual depende de si mesmo e do meio. Nosso bem estar depende do bem estar do meio e vice-versa. Como posso estar bem se as pessoas queridas estão mal, se o ambiente onde vivo está degradado, se aquilo do qual eu me nutro está estragado?
Para nossa subsistência, precisamos de um nível adequado de ordem e equilíbrio do meio ambiente. A vida planetária é muito vulnerável a mudanças e o seu equilíbrio depende de todos nós. Meu corpo depende de recursos físicos para sua nutrição, de qualidades apropriadas no ar que respiro, na água que bebo. Dependemos de segurança física. Emocionalmente, dependo de relações saudáveis. Mentalmente, dependo de conhecimentos adequados, de clareza, de estados mentais estáveis em relação ao ambiente.
Quando falamos de bem estar, de equilíbrio e de saúde, estamos falando de um processo dinâmico onde somos elementos causais importantes. Devemos zelar sistemicamente pelo bem estar. Podemos afetar positivamente, podemos contribuir para gerar benefícios ao invés de malefícios. Como potencializadores, somos neutros. Se o resultado será positivo ou negativo, isso depende da nossa intenção – se faço no sentido de beneficiar ou de destruir.
O processo interno se reflete no processo externo e vice-versa
Neste universo, fazemos parte de um grande time sem adversários. As divisões são ilusórias. Se acredito que o meu grupo deve vencer outro grupo e se acho que devo ferir aquele que é meu inimigo, é preciso reconhecer que em um nível mais profundo, estarei afetando a mim mesmo. Fazer o mal contra o meu semelhante é fazer mal a mim mesmo. Quando ajo nocivamente no exterior, eu potencializo o mesmo processo no interior. Somos responsáveis por aquilo que emitimos. A ação libera a energia empregada no processo. A minha vibração afeta o meio, pois cada um é um fator causal nesse grande processo. Nosso movimento reverbera e alteramos movimentos universais. Já ouviu falar do “efeito borboleta”?
Neste universo, fazemos parte de um grande time sem adversários. As divisões são ilusórias. Se acredito que o meu grupo deve vencer outro grupo e se acho que devo ferir aquele que é meu inimigo, é preciso reconhecer que em um nível mais profundo, estarei afetando a mim mesmo. Fazer o mal contra o meu semelhante é fazer mal a mim mesmo. Quando ajo nocivamente no exterior, eu potencializo o mesmo processo no interior. Somos responsáveis por aquilo que emitimos. A ação libera a energia empregada no processo. A minha vibração afeta o meio, pois cada um é um fator causal nesse grande processo. Nosso movimento reverbera e alteramos movimentos universais. Já ouviu falar do “efeito borboleta”?
O coletivo é formado de indivíduos. Os indivíduos compõem o coletivo. Há um só corpo. Da mesma forma que o “eu” compõe o todo, quando observo o “eu”, vejo que ele também é um sistema composto de unidades. Pela ótica dos quatro elementos, vejo o corpo formado de terra, água, fogo e ar; pelos fundamentos da atenção plena, vejo o eu formado de corpo material (1), sensações (2), mente (3) e objetos mentais (4).
(1) O corpo interage com as sensações e com os estados mentais influenciando-os. (2) Quando uma experiência promove o sentimento interno de bem estar ou de desagrado, isso afeta a mente e o corpo. (3) Aquilo que penso influencia as minhas sensações e mais tarde se materializa no corpo.
Olhando a fundo, corpo, sensação e mente não estão separados. Parecem camadas distintas, mas eles se coordenam um com o outro. Existe uma coerência entre os estados mentais, as sensações e o corpo. O pensamento, que é muito ágil, influencia a curto prazo as sensações e mais tarde se manifesta no corpo. Uma realidade negativa criada na mente (uma projeção, uma imaginação ou um julgamento) começa a influenciar negativamente as sensações e o corpo.
Somos responsáveis pelos nossos pensamentos, pelas nossas ações e pelas suas consequências. Somos responsáveis tanto por aquilo que produzimos em nós mesmos quanto pelo seu reflexo em nosso meio. Um ajuste que fazemos em nós mesmos no sentido do equilíbrio potencializa processos no meio. Então, como atingir esse equilíbrio?
Marco Moura
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