Observar por si mesmo (sem eu mesmo)

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Observar exige disposição. Sem grandes dotes, podemos observar no mundo a degradação ocorrendo por meio da mente predatória presente nos líderes, organizações, mídia e, sendo honestos, em nós mesmos. O rumo que as coisas vão tomando por meio da ação inconsciente acarreta desgraças e sofrimentos, diante disso, procuramos encontrar um caminho que nos leve em direção à felicidade. Procuramos por fórmulas, vemos pessoas que deram certo e as elegemos como modelos. Observamos o que elas fazem de diferente e achamos que podemos seguir os mesmos passos.

Procuramos respostas e vemos que outros já as responderam antes. Quando tomamos essas respostas como nossas, simplesmente não serve, não é autêntico. Isso não produz insight. O insight liberta. Aceitar e seguir respostas prontas atrofia a inteligência.

Em algum momento, percebemos que não podemos trilhar o mesmo caminho dos bem sucedidos e dos iluminados, pois nós não somos eles. Muitos tentam propor o caminho para a libertação, mas se trata de um caminho muito particular. Não adianta copiarmos ou imitarmos. Nós nos distanciamos da nossa essência por caminhos diferentes. O ensinamento universal de que tratam os mestres deve ser trazido à nossa realidade particular e isso é tarefa de cada um.

Temos questões básicas em nossas vidas, questões reincidentes. Como interpretamos os acontecimentos e como nos posicionamos nas nossas situações de vida? Como nos colocamos como participantes da vida e, acima de tudo, quem somos nós no meio disso tudo?

A resposta autêntica advém da observação – não da observação inconsciente, quando nos esquecemos de nós mesmos ao nos identificarmos com o assunto em questão. Isso nos mantém presos em um olhar condicionado, cheio de julgamentos, conceitos e preferências. Trata-se sim da observação objetiva, neutra, sem envolvimento – nem fria, nem passional. Olhar para o que está de fato acontecendo, para a realidade além da superfície nocional.

Muitas vezes, somos arrogantes demais para esse exercício básico. Achamos que já sabemos o que na verdade não sabemos simplesmente porque nunca observamos realmente. Sem observar, não compreendemos e sem compreender, vivemos na ignorância. O conteúdo estocado no subconsciente sem ter sido observado, ou seja, gerado no estado de identificação inconsciente, causa confusão. É hora de observar por trás do observador.

Marco Moura

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