O Vitorioso - superando os obstáculos da prática interior (parte 2/3)

No artigo anterior, foi falado a respeito de um obstáculo muito comum na meditação – a preguiça – e seus quatro antídotos: a convicção, a inclinação, o vigor e a flexibilidade. Trata-se de um ensinamento do Budismo Mahayana baseado em cinco obstáculos e oito antídotos relacionados à meditação da tranquilidade (shamata). Veremos cada um deles.

Os 5 obstáculos (sânscrito: ādīnava):
1) Preguiça (kausīdya)
2) Desatenção (avavādasammosa)
3) Agitação (auddhatya) e torpor (laya)
4) Falta de aplicação (anabhisamskāra)
5) Excesso de aplicação (abhisamskāra)

Os 8 antídotos (sânscrito: pratipakṣa) ou aplicações (sânscrito: abhisamskāra)
– Antídotos para preguiça:
1. convicção (śraddhā) | 2. inclinação (chanda) | 3. vigor (vyayama) | 4. flexibilidade (praśrabdhi)
– Antídoto para desatenção:
5. atenção plena (smṛti)
– Antídoto para agitação e torpor:
6. apercepção (samprajaña)
– Antídoto para falta de aplicação:
7. aplicação (abhisaṃskāra)
– Antídoto para excesso de aplicação:
8. equanimidade (anabhisaṃskāra)

O próximo obstáculo seguinte à preguiça é:

Desatenção
Também conhecido como “esquecer-se do método”. Após o início da meditação, a pessoa perde o seu foco e se esquece de ancorar a atenção. Como um rádio antigo com dificuldade em sintonizar a estação adequada, a mente não consegue ficar em sintonia. Os métodos de atenção plena em um ponto fixo externo ou na contagem da respiração devem ser aplicados para esse treinamento. A observância da postura é muito relevante.

Agitação e Torpor

A mente não tem clareza, não tem definição. Agitação é como uma chiadeira mental, torpor é como uma imagem turva e embaçada. A apercepção é notar tudo o que acontece na mente, observando como se origina e o que acontece quando surge. Promove um ajuste mais fino da nossa atenção, como a antena do rádio bem posicionada.

Falta de aplicação
Sem aplicar os antídotos, os obstáculos dominam. Com zelo, aplicamos o antídoto correto para o devido desequilíbrio – essa é a aplicação. Para isso, devemos fazer um diagnóstico adequado por meio da atenção plena e da apercepção.

Excesso de aplicação
Os antídotos devem ser aplicados nos momentos adequados. Quando se intensificam sem necessidade, a prática da equanimidade é oportuna. Assim, permanecemos sem nos identificar com os processos mentais e, portanto, sem sermos afetados pelo estado de ânimo.

Marco Moura

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