A interdependência e sua transcendência

Todos os fenômenos que percebemos a partir dos nossos órgãos dos sentidos são condicionados - condicionados porque só vêm a existir segundo uma condição. Eles têm um passado e um futuro. Eles dependem de elementos primários para serem formados e dependem de um objetivo para terem uma função. Dentro da existência condicionada, o que não for funcional é inútil.

Se você tira a função de uma ferramenta, você anula a sua existência, correto?
O que é um lápis sem um papel para escrever?
O que é um médico sem doentes?
O que é um barco após a passagem para a outra margem?
O que é um conhecimento sem sua aplicação produtiva?
O que são lembranças que não trazem prosperidade?
O que são crenças que nos afastam da felicidade?

A nossa mente é uma ferramenta incrível e precisamos regularmente cuidar de sua funcionalidade. Ela é falha e pode ser corrompida facilmente, como qualquer outra ferramenta que necessite de reparo. A atividade mental é fundamental para guiar-nos e tornar-nos produtivos.

Porém, ao tratarmos de nossa humanidade e dos aspectos profundos e espirituais, não podemos usar a lógica da funcionalidade. A mente condicionada serve para tratarmos assuntos cotidianos, mas não os assuntos da alma. O bem-estar e a paz que são nossos objetivos principais não podem ser dependentes de fatores externos. A iluminação não é condicionada: é um estado livre.

O homem iluminado é semelhante à água, que direciona-se para os lugares profundos e desconhecidos, desprezados pelo homem mundano que é movido pelo interesse. O homem descondicionado não usa as pessoas como ferramentas para seus interesses e, da mesma forma, não se coloca como uma ferramenta para os fins egoístas da sociedade. Ele permanece fiel à sua natureza incondicional, emanando sua luz interior e brilhando por brilhar, como o Sol.

Sendo a sua própria fonte de luz, ele obtém o grande triunfo da vida, que é exercer a liberdade dentro de uma existência condicionada e interdependente.

Marco Moura

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