A volta ao princípio
Na criação do Universo, do estado de Wu Chi (vazio absoluto), originou-se a polaridade Yin e Yang. Yang, o ativo, cuja natureza é expandir e doar, teve na relação com Yin, cuja natureza é recolher e receber, a plena harmonia. É como a união de um casal que se ama. Yang, ao compartilhar suas propriedades com Yin, ofereceu também sua natureza criadora, o que provocou em Yin a necessidade de engendrar, tal como uma grávida. A união de Yin e Yang é quebrada com a vinda de um terceiro componente, o filho. Assumindo agora uma posição Yang, Yin deixou de ser passivo e passou a fornecer à sua cria os ingredientes para sua subsistência. Yang, o pai, retira-se parcialmente, tendo um papel indireto na formação do filho. Depois de formado e crescido, o filho torna-se o pai. O ciclo continua ininterruptamente, de geração em geração.
Yang é o Céu, Yin é a Terra. O homem é o filho. Ele carrega em si o Yin e o Yang. Não basta ao homem apenas fazer com que o ciclo prossiga vida após vida, nessa roda chamada Samsara. Compete a ele unir os opostos e voltar a realizar o Uno, tornando-se Wu Chi, o princípio absoluto.
Representação Bíblica
Note como a bíblia explica a idéia da quebra da harmonia absoluta:
Adão, o princípio Yang, vivia em perfeita harmonia com Eva, o princípio Yin, no chamado Jardim do Éden. Após Eva ter provado do fruto da árvore do conhecimento, reconhecendo o bem e o mal, ela abandonou o seu papel passivo e ofereceu ao marido o conhecimento da separatividade de Yin e Yang. Eva se reconheceu como Yin e Adão se reconheceu como Yang, então já não havia mais a perfeita harmonia da unidade. A partir de então, Eva sentiu a dor do parto ao dar luz aos seus filhos. Os dois tornaram-se mortais e, um dia, seus filhos tomariam os seus lugares.
Um autor da tradição da Cabala, explica que quando o passivo (Yin) adquire a propriedade de ativo (Yang), este não mais se contenta em receber os nutrientes do Yang e sente a necessidade de ser responsável pela sua própria plenitude. É quando o Yang cede ao Yin a oportunidade de realizar-se por si mesmo e, desse big-bang, surge o Universo. O homem, como elo entre o Yang (Céu) e o Yin (Terra), deve inspirar-se no Céu e transformar sua condição de hóspede terreno para soberano celestial. Ele tem uma existência terrestre, mas sua origem é superior, portanto tem as ferramentas para abandonar a sua realidade fenomenal e voltar à sua matriz cósmica. Este é o sentido de sua existência: deixar sua natureza condicionada e ser o co-criador de sua realidade. O homem deve transmutar.
Ciclo dos 5 movimentos
No mundo fenomenal, surgido da relação entre o Céu e a Terra, há um ciclo constante de renovação, onde o filho torna-se o pai; onde Yin torna-se Yang e vice-versa. É um ciclo ordenado, onde se realiza a harmonia conforme cada fase gera a fase seguinte. É composto de cinco etapas:
- Nascimento: é quando um fenômeno passa a existir.
- Crescimento: a cria atinge o apogeu de sua formação.
- Transformação: já formado e deixando o papel de cria, este une-se ao seu par para uma nova criação.
- Colheita: com a responsabilidade de formar sua cria, o pai colhe os frutos de seu trabalho e fornece ao filho.
- Armazenamento: o criador retira-se de sua função ativa e passa a viver do que foi acumulado.
No taoísmo, o homem que supera o ciclo de nascimento e morte chama-se imortal. Ao invés de usar a sua energia criativa para gerar um fruto exterior, ele inverte o fluxo dessa energia para o interior e renova a si mesmo. É o processo de alquimia interior, representado pelo dragão que morde a sua própria calda.
Dentro dos 5 movimentos, isso acontece na fase de "transformação" quando, ao unir-se com o seu par, a energia criativa (Jing, energia da Terra) não é expelida, mas ascende pela coluna, transformada pelo Chi (energia do homem) em consciência plena (Shen, energia do Céu). A energia equilibrada de Yin e Yang circula pelos canais "Ren Mai" e "Du Mai" do homem, formando a órbita microcósmica. Quanto mais esse processo é trabalhado, mais perto o homem chega de sua origem cósmica.
Marco Moura
Yang é o Céu, Yin é a Terra. O homem é o filho. Ele carrega em si o Yin e o Yang. Não basta ao homem apenas fazer com que o ciclo prossiga vida após vida, nessa roda chamada Samsara. Compete a ele unir os opostos e voltar a realizar o Uno, tornando-se Wu Chi, o princípio absoluto.
Representação Bíblica
Note como a bíblia explica a idéia da quebra da harmonia absoluta:
Adão, o princípio Yang, vivia em perfeita harmonia com Eva, o princípio Yin, no chamado Jardim do Éden. Após Eva ter provado do fruto da árvore do conhecimento, reconhecendo o bem e o mal, ela abandonou o seu papel passivo e ofereceu ao marido o conhecimento da separatividade de Yin e Yang. Eva se reconheceu como Yin e Adão se reconheceu como Yang, então já não havia mais a perfeita harmonia da unidade. A partir de então, Eva sentiu a dor do parto ao dar luz aos seus filhos. Os dois tornaram-se mortais e, um dia, seus filhos tomariam os seus lugares.
Um autor da tradição da Cabala, explica que quando o passivo (Yin) adquire a propriedade de ativo (Yang), este não mais se contenta em receber os nutrientes do Yang e sente a necessidade de ser responsável pela sua própria plenitude. É quando o Yang cede ao Yin a oportunidade de realizar-se por si mesmo e, desse big-bang, surge o Universo. O homem, como elo entre o Yang (Céu) e o Yin (Terra), deve inspirar-se no Céu e transformar sua condição de hóspede terreno para soberano celestial. Ele tem uma existência terrestre, mas sua origem é superior, portanto tem as ferramentas para abandonar a sua realidade fenomenal e voltar à sua matriz cósmica. Este é o sentido de sua existência: deixar sua natureza condicionada e ser o co-criador de sua realidade. O homem deve transmutar.
Ciclo dos 5 movimentos
No mundo fenomenal, surgido da relação entre o Céu e a Terra, há um ciclo constante de renovação, onde o filho torna-se o pai; onde Yin torna-se Yang e vice-versa. É um ciclo ordenado, onde se realiza a harmonia conforme cada fase gera a fase seguinte. É composto de cinco etapas:
- Nascimento: é quando um fenômeno passa a existir.
- Crescimento: a cria atinge o apogeu de sua formação.
- Transformação: já formado e deixando o papel de cria, este une-se ao seu par para uma nova criação.
- Colheita: com a responsabilidade de formar sua cria, o pai colhe os frutos de seu trabalho e fornece ao filho.
- Armazenamento: o criador retira-se de sua função ativa e passa a viver do que foi acumulado.
No taoísmo, o homem que supera o ciclo de nascimento e morte chama-se imortal. Ao invés de usar a sua energia criativa para gerar um fruto exterior, ele inverte o fluxo dessa energia para o interior e renova a si mesmo. É o processo de alquimia interior, representado pelo dragão que morde a sua própria calda.
Dentro dos 5 movimentos, isso acontece na fase de "transformação" quando, ao unir-se com o seu par, a energia criativa (Jing, energia da Terra) não é expelida, mas ascende pela coluna, transformada pelo Chi (energia do homem) em consciência plena (Shen, energia do Céu). A energia equilibrada de Yin e Yang circula pelos canais "Ren Mai" e "Du Mai" do homem, formando a órbita microcósmica. Quanto mais esse processo é trabalhado, mais perto o homem chega de sua origem cósmica.
Marco Moura
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