Criamos a Realidade

Muito se especula a respeito da realidade. Ciência, filosofia, religião, todos defendem uma teoria com base em suas próprias deduções. Há aqueles, no entanto, que percebem que todas as verdades apontadas por alguém são válidas apenas sob determinado ponto de vista. Ao se fazer uma afirmação, automaticamente, algo é negado e assim, nada do que é dito atinge a verdade em sua totalidade. Se a verdade é absoluta, nada pode ser excluído, que é o que acontece quando se propõe qualquer tese.

Podemos falar com propriedade de alguma coisa se a nossa visão sobre isso é baseada em nossas percepções e experiências pessoais? Podemos pensar em termos de uma realidade universal que abranja a todos, mas cada um tem sua própria interpretação dessa realidade. Mesmo que haja uma verdade universal e que cada fenômeno tenha uma verdade intrínseca, para nós, o que importa é como percebemos isso. Não faz diferença se algo tem certas propriedades se a mente humana não é capaz de conceber em sua lógica.

A filosofia hindu fala sobre atman, que é a realidade ou espírito de cada ser. O budismo inovou ao dizer sobre anatman, que significa que nada tem uma substância, que tudo é vazio em essência e que é a nossa mente que atribui valor aos fenômenos. Se antes fora dito sobre a realidade exterior, nesse momento é dito para voltar os olhos para si mesmo, pois tudo o que conhecemos vem da mente. Todos os conceitos que carregamos e através dos quais identificamos qualidades como se fossem propriedades dos fenômenos são criações pessoais. Se todos interpretam as coisas segundo suas próprias concepções, a verdade é relativa.

Vivemos e interagimos com o mundo como se os acontecimentos provocassem por si mesmos uma resposta em nós. Esquecemos que é a nossa percepção particular das coisas que responde. A nossa realidade mental está lá como causa, esperando o momento para se manifestar. É a mente que dispara o gatilho e ativa nossas reações, enquanto inconscientemente funcionamos como robôs programados. Nós permitimos que o exterior, que na verdade é um reflexo nosso, nos controle. Entregamos o poder à mente, que é o resultado de nossas próprias intenções e nos tornamos escravos dependentes dela. Enquanto nos sentimos vítimas da realidade, não percebemos que o "eu" que vive essa realidade nada mais é do que a totalidade de comportamentos, pensamentos e emoções que nós próprios alimentamos.

Apesar de todos os condicionamentos, somos livres para criar a nossa própria realidade. Ao invés de viver dando respostas automáticas ao mundo, o homem pode transformar a sua percepção da realidade e assim, se transformar. Se a única realidade que reconhecemos é a nossa própria realidade, cabe somente a nós usarmos a sabedoria para torná-la como queremos que seja.

Marco Moura

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Equilíbrio que Sustenta o Desequilíbrio

Vivência do Centro

Empregando a energia vital