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Mostrando postagens de outubro, 2013

O caminho paradoxal do sábio

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No Tao Te Ching, é dito que o sábio age através da não-ação, ensina através da não-palavra, obtém sem possuir, sem expectativas e sem apego; por não se apegar às posses, ao lucro e à fama, ele prospera. É um grande paradoxo, difícil de se entender, mas cheio de sabedoria e muito importante de se praticar! Não-ação é a tradução da máxima taoista "wu wei", que é a base da atuação do sábio. Qualquer ação surge da intenção de nossas mentes. Ao desejarmos alguma coisa, surge o impulso da ação, portanto a ação é fruto da intenção. A intenção, por sua vez, surge do emaranhado de informações que temos na mente colhidas através dos cinco sentidos, onde a partir da diferenciação subjetiva que fazemos entre "bom" e "ruim", geramos a intenção tendenciosa. Portanto, a mente discrimina e mantém preferências o tempo todo - ela identifica, conceitualiza, classifica e gera preferências . Podemos ver então como nossas ações são centradas no ego, como são parciais e tenden

Quando a xícara fica cheia

Ao se encher uma xícara totalmente, uma mínima gota é suficiente para fazê-la transbordar. Um leve esbarrão é suficiente para derramar o seu conteúdo. Pode-se dizer que a xícara torna-se intolerante à instabilidade. O mesmo acontece com o ser humano quando o seu ego está cheio: torna-se intolerante às pequenas oscilações da vida. Alguém com o ego cheio é alguém cheio de ideias associadas àquilo que reconhece como EU e MEU, ou seja, alguém com a mente dominada pelo ego. Estando a mente subordinada ao ego, sua função se torna satisfazer as suas necessidades, protegê-lo e fazê-lo lucrar. A mente persegue aquilo que satisfaz o seu Senhor e defende-o das ameaças. Para tanto, ela tem mecanismos inconscientes de auto-preservação, como o desencadeamento das emoções do medo e da raiva, por exemplo. A mente sabe discriminar muito bem, identificando o que é desejável e o que é uma ameaça ao ego, mas não exerce o mecanismo da tolerância. Por si só, a tolerância não é interessante para o ego, p

A interdependência e sua transcendência

Todos os fenômenos que percebemos a partir dos nossos órgãos dos sentidos são condicionados - condicionados porque só vêm a existir segundo uma condição. Eles têm um passado e um futuro. Eles dependem de elementos primários para serem formados e dependem de um objetivo para terem uma função. Dentro da existência condicionada, o que não for funcional é inútil. Se você tira a função de uma ferramenta, você anula a sua existência, correto? O que é um lápis sem um papel para escrever? O que é um médico sem doentes? O que é um barco após a passagem para a outra margem? O que é um conhecimento sem sua aplicação produtiva? O que são lembranças que não trazem prosperidade? O que são crenças que nos afastam da felicidade? A nossa mente é uma ferramenta incrível e precisamos regularmente cuidar de sua funcionalidade. Ela é falha e pode ser corrompida facilmente, como qualquer outra ferramenta que necessite de reparo. A atividade mental é fundamental para guiar-nos e tornar-nos produtiv